terça-feira, 29 de novembro de 2011

Homenagem dos alunos

Esse vídeo é uma homenagem que a aluna Alcineide fez para nós, os professores do projeto Literatura e Afrodescendência: o que há por trás disso?
Gostaríamos de expressar a nossa alegria e emoção em sabermos que os alunos do projeto também vão sentir nossa falta e que, para eles, nós também somos amigos.
Muito obrigado a todos os alunos que acreditaram no projeto e que ficaram conosco até o fim!

sábado, 26 de novembro de 2011

            Pois é, um ano...
            Mas, o que significa um ano? Ou melhor, o que pode acontecer dentro de 8 meses?
            Eu pergunto e respondo: muita coisa. Pode se aprender, questionar, informar, conhecer. Certamente, nem tudo fica na memória, mas tenho certeza que o que fica é capaz de mudar o jeito de ver o mundo, as coisas; de atribuir novos modos as personalidades, mudar pessoas! Além disso, em oito meses pode-se elaborar propagandas que falem da afrodescendência, finais para contos escritos por afro-brasileiros, fazer artigos de opinião falando sobre questões dos afrodescendentes do Brasil, ler peça que, por acaso, tenha uma personagem negra e que, mais por acaso ainda, fale sobre a história de Campina Grande e por causa disso tirar fotos, entrevistar um afro-brasileiro, e já pensaram que é possível até lançar um jornal e fazer uma exposição fotográfica com tudo isso? Quanta coisa não é? Você acha que fazer isso é possível? Veja então a mudança que aconteceu na sua vida!
            O mais importante é conseguir se reconhecer como cidadão, como alguém que pode mudar um futuro, que pode trilhar seu caminho e alcançar os objetivos que sonhou para sua vida. Além disso, é preciso aprender que apesar das desigualdades, de atos de preconceito, somos nós os responsáveis pela mudança dessas atitudes desumanas. É importante saber que você é importante, é responsável e capaz de falar de assuntos complicados, que tem maturidade pra tratar de assuntos difíceis e que é possível sim, mudar uma situação de preconceito e que antes de tentar mudar os outros, você foi o primeiro a mudar.
            Em oito meses todos crescem: uns como professores, outros como alunos e todos como cidadãos que falam da afrodescendência não como um assunto desconhecido, mas algo que faz parte da vida de cada um.
            Fazer tudo isso em oito meses deve ser muito bom, acredito que o sentimento de alegria, orgulho e de dever cumprido estão sempre presentes em cada um. Agora imagine se você fizer isso em companhia de amigos? Com certeza tudo ficará ainda mais bonito, mais alegre, mais fácil...
            E os trabalhos feitos, os objetivos alcançados, as pessoas queridas, para onde irão? Não deixemos que a luta acabe, que o conhecimento fique esquecido e que a amizade morra. Não nos separemos, fiquemos juntos! Um ano vai, outro vem, mas permaneceremos unidos pelo laço que criamos porque mais que professores e alunos, nós somos Amigos!


quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Quero deixar meu agradecimento a todos vocês que fazem parte desse projeto maravilhoso que tem contribuído de forma extraordinária para a educação dos nossos alunos do Assis Chateaubriand. Como é gratificante desconstruir preconceitos e vcs fizeram isso de forma magistral. Parabéns a todos e que Deus cada dia ilumine as suas vidas profissionais, fazendo-os ainda mais intuitivos no trabalho que desenvolvem!! Meu sincero reconhecimento a todos, vocês me emocionam!!!

Wilma Luna, Professora Supervisora

Foi um sucesso o lançamento do Afrocultura e a exposição “Fui à feira e achei arte!”

Toda a escola passou pela nossa sala e pode ver um muito do nosso trabalho, a felicidade era visível no rosto de alunos e professores, e era um orgulho tão grande em está mostrando o trabalho tão bonito, que todos se empenharam, e cada um assumiu logo uma responsabilidade, fotos no mural, divulgação pela escola, entrega de lembrancinhas, ornamentação da sala, tinha até equipe de apoio levando água para todos, aí toda e qualquer timidez que existisse foi colocada de lado e deu lugar a uma satisfação sem igual.

Nós professores saímos do colégio Assis Chateaubriand com a certeza de que nada foi em vão, e assim como marcamos a vida desses alunos eles também marcaram a nossa, o tanto de responsabilidade e dedicação que colocamos na aulas, os alunos coloram nas atividades, foi um trabalho em conjunto e com um só objetivo: o sucesso do projeto Literatura e afrodescendência: o que há por trás disso?

E o que há por trás disso? Muita alegria, orgulho e força de vontade olha só:


"O curso foi uma ideia muito boa, porque fez com que a gente aprendesse um pouco sobre o afro-brasileiro, foi muito bom assistir filmes, ver documentários e saber mais sobre a história da feira central, mas o que eu mais gostei do curso foi ler a peça quebra-quilos."

Genilson Rodrigues

“Foi muito importante para o nosso aprendizado, fazer parte desse curso, desenvolvemos habilidades que nem sabíamos que tínhamos, eu particularmente desenvolvi muito a leitura e deixei a timidez de lado, também aprendi assuntos que nem sabia que existia como as cotas raciais por exemplo, são coisas que vou levar para a vida”

Joseilma Oliveira

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

“O curso mudou minha vida, algo que me prejudicava muito era a timidez, e me deixava muitas vezes a ponto de colocar minha cabeça num buraco. Hoje me considero uma ótima aluna, participativa e com notas melhores que antes, tudo devido às experiências vividas no nosso curso.”

Daisy Barros
“No início do curso eu achava chato, mas depois que eu comecei mesmo a vir nas aulas passei a gostar. A melhor parte foi quando falamos sobre o teatro, lemos até um pedaço da peça O Auto da Compadecida, e foi bom também ter ido visitar a rua Quebra-Quilos ”


Alcineide Dias

terça-feira, 22 de novembro de 2011


“Eu achei o curso muito bom, apesar de ter dia que não dava coragem de vir, mesmo assim pensava: se eu for vou aprender coisas novas, e isso será muito bom tanto pra hoje como para o futuro!”

Ednalva Teixeira
“Participar do projeto Literatura e Afrodescendência foi, para mim, uma oportunidade única e satisfatória. A cada aula, eu sentia que os alunos se interessavam pela temática e pelas discussões que surgiam. Estar no PIBID me fez acreditar ainda mais que lecionar e abordar a temática afrodescendente são necessárias para minha vida, pois vejo que os alunos que participaram tornaram-se cidadãos mais conscientes daquilo que podem realizar na sociedade.”


Professora Francielle Suenia

segunda-feira, 21 de novembro de 2011


“O módulo de propaganda foi muito divertido, tanto para criar como para apresentar, já no de teatro adorei ter lido a peça Quebra-Quilos, ficou marcada em minha memória e melhor ainda foi ter ido conhecer a rua onde tudo aconteceu.”

Viviane Ferreira
“Fazer parte do PIBID foi um despertar para a docência, desenvolver e atuar no projeto Literatura e afrodescendência: O que há por trás disso? foi um despertar para cidadania. Todo o trabalho que foi desenvolvido nesse ano de curso foi feito com muito compromisso e muita responsabilidade sociocultural, e a resposta é essa: alunos questionadores, opiniões sendo formadas e o respeito e valorização do afro-brasileiro. Construímos muita coisa nesse período, e esse trabalho pode ser resumido em duas palavras: orgulho e felicidade!”

Professora Wanessa Denyelle

domingo, 20 de novembro de 2011


“O que mudou em minha vida depois do curso, foi principalmente passar a defender coisas que eu não defendia como, por exemplo as cotas raciais nas universidades federais do Brasil, e é um tema que quero discutir e conhecer mais sobre.”

Deisy Barros
“Ministrar aulas no curso Literatura e afrodescendência: O que há por trás disso? Foi muito mais que desenvolver habilidades discursivas dos alunos, foi formar cidadãos questionadores da situação do negro no Brasil, desde a escravidão até hoje. E não só os alunos aprenderem, mas nos professores também, a cada dia era uma nova descoberta para todo o grupo!”


Professora Paula Alvez


sábado, 19 de novembro de 2011

“O curso foi muito legal, poder conhecer coisas importantes sobre a história do povo negro, aprender muita coisa com os professores... o módulo que eu mais gostei foi o de entrevista, porque descobrimos coisas importantes uns dos outros e também sobre artistas e escritores negros, o curso mudou minha vida, pois passei a ler mais e a saber como dar minha opinião!” 

Mateus Brandão

“Ter a oportunidade de participar de dois projetos foi muito gratificante pra mim enquanto professor em formação, porque pude ter várias experiências diferentes. E o projeto Literatura e afrodescendência: O que há por trás disso? Fechou com chave de ouro minha participação no PIBID, espero que continue a todo vapor no próximo ano na escola Assis Chateaubriand.”

Professor José de Sousa

Vale divulgar, comemorar e datar

Foi sancionada no último dia 10 pela presidenta Dilma Rousseff a lei 12.519/11 que reconhece o dia 20 de novembro como o dia de Zumbi e o dia da Consciência Negra.

Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
Lei Nº  12.519, de 10 de novembro de 2011
A  Presidenta da República
 
Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
 
Art. 1º É instituído o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra, a ser comemorado, anualmente, no dia 20 de novembro, data do falecimento do líder negro Zumbi dos Palmares.
 
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
 
Brasília, 10 de novembro de 2011; 190o da Independência e 123º da República.
 
DILMA ROUSSEFF
Mário Lisbôa Theodoro

Fonte: Diário Oficial da União, nº 217, Seção I, p. 7 , 11.11.2011



Salve Zumbi, salve Oliveira Silveira idealizador do dia da Consciência Negra, Salve Cuti, salve Conceição Evaristo, salve povo afro-brasileiro!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011


“ Ser aluno do curso foi bacana e divertido, aprendi várias coisas, fiz amigos e conheci coisas importantes sobre os negros, o módulo que mais gostei foi o de teatro, pois pude ver o mundo de outra forma.”

Fagner Vitor
“O curso Literatura e afrodescendência vai ficar na minha vida para sempre, pois passei a ser uma pessoa diferente depois das aulas, pude descobrir minhas habilidades e vi que fui capaz de fazer as atividades que foram passadas, também conheci muito do universo afrodescendente.”

Larissa Andrade

Contagem regressiva!

Falta pouco para o lançamento do Jornal:

Afrocultura

e para a exposição fotográfica:

FUI À FEIRA E ACHEI ARTE!

E começamos hoje nossa contagem regressiva para esse grande dia, então diariamente postaremos comentários dos alunos, sobre o curso, a experiência e o aprendizado, e vocês poderão conhecer um pouco do que pensam nossos jovens.

Agora é visitar o http://literaturaeafrodescendencia.blogspot.com/ e fazer parte desse momento único!

sábado, 15 de outubro de 2011

Para aqueles que são!

Parabéns ao professor que acorda cedo e cansado porque na noite anterior dormiu tarde corrigindo trabalhos, provas ou então, preparando-os com dedicação e responsabilidade.
Parabéns ao professor que chegou em casa preocupado com um aluno que está passando por dificuldades.
Parabéns ao professor que ajuda os colegas e trabalha em função não apenas de uma escola, mas de uma classe, de uma sociedade.
Parabéns também, para aquele que faz rir durante a aula, mas que fala sério e chama atenção do aluno. Sorriso e seriedade são palavras que combinam com essa profissão, assim como, solidariedade e perspicácia. 
Parabéns ao professor que chega cedo e sai tarde e por que não dar parabéns para aquele que chega tarde e sai cedo. Ele deve ter seus motivos (esperamos que sejam BONS motivos).
Parabéns para aquele que grita, se estressa e sente vontade de jogar tudo pro alto e fazer outra coisa, mas não faz porque sente que seus alunos precisam dele de alguma forma.
Parabéns pro professor que sabe compartilhar conhecimento com todos e reconhece que não é o único a deter determinado saber. Humildade também rima com ser professor.
Parabéns para aqueles que lutam por um salário digno, por uma boa sala de aula para os alunos, por uma boa merenda e por uma estrutura escolar digna. Para aqueles que não se rebaixam nem se deixam rebaixar, por aqueles que falam pela melhoria de todos. Que tem orgulho e motivo para dizer: sou professor. Parabéns!
Parabéns ao profissional que se faz digno de ser chamado de Professor. Para aqueles que são, foram e serão. Gratos somos todos nós. Obrigada por serem e por sermos!

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Quando trabalhamos o gênero textual "Artigo de Opinião"o tema discutido e utilizado foi Cotas Raciais nas Universidades Federais Brasileiras. O artigo que você vai ler é um dos vários textos produzidos por nossos alunos que, a partir das discussões sobre o tema, posicionaram-se a favor ou contra as cotas raciais.


Uma falsa igualdade

            As cotas raciais vêm causando polêmica na sociedade, criando benefícios para uns e prejudicando a outros. As cotas deixam bem claro que não vieram para ajudar, mas sim para trazer desigualdade, tirando as oportunidades de pessoas brancas que também precisam e dando prioridade somente às pessoas negras.
            As cotas, apesar de levantar muitas opiniões, vêm prejudicando e gerando grandes conflitos entre negros e brancos, fazendo com que haja inúmeras comparações entre eles. Um dos pontos discutidos é que alguns justificam as cotas como forma de “dívida” para com os negros por tudo que aconteceu no passado, ou seja, pela vida de escravidão, a qual contribuiu para que os negros perdessem seus espaços na sociedade.
            Os brancos não têm culpa de nascerem brancos e de pagarem por coisas que aconteceram no passado. Os negros, apesar de possuírem essa oportunidade, não sabem que são consideradas pessoas incapazes, passando a certeza de que se não fosse essa lei eles nunca chegariam a uma faculdade.
D.B (1º ano B)

Daisy Barros Miranda (1º ano A)

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Incentivando a leitura através da dramaturgia

Trabalhar a oralidade em sala de aula nem sempre é fácil, e tão pouco agradável, alguns alunos não gostam de ler, outros não gostam de se expor e outros tomam o texto pra se e não abrem espaços para os demais.
Não foi o que aconteceu quando resolvemos trabalhar com nossa turma a peça Quebra-quilos de Márcio Marciano, fizemos leituras dramatizadas, em que dividimos os personagens, os alunos ensaiavam e na aula seguinte a leitura era realiza.
A grande surpresa, mas nem tanto assim, é que a turma motivada pela literatura e por estarem conhecendo um pouco da história de sua cidade, se dedicou ao máximo, tanto em ensaios, quando em leituras, como também nas discussões, no fim desse módulo, percebemos mudanças claras e significativa nas leituras e na interpretação deles, o que nos deixou bastante felizes por sabermos o quão produtivo foi esse momento.
E a temática afro? Pois bem, trabalhamos a partir de uma personagem em especial, mas vamos deixar essa dúvida no ar para que você leitor possa descobrir e se encantar por essa história, assim como nossos alunos, a seguir fotos de vários momentos das leituras dramatizadas:








Visita à rua Quebra-Quilos

Estamos estudando um pedaço da história da nossa cidade a partir da peça Quebra-Quilos de autoria de Márcio Marciano as aulas renderam tanto que levamos os alunos para conhecerem a rua que leva o nome da revolta que iniciou em Campina Grande e se espalhou por outras cidades e estados.
Fotografamos tudo, do começo ao fim do passeio e vamos mostrar um pouco do que aconteceu pra vocês:






segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Demorou um certo tempo, mas voltamos!
Após um período de férias, vale salientar, merecidas, o Projeto Literatura e Afrodescendência. O que há por trás disso? voltou com todo o gás para esse segundo semestre de 2011. Mas essas férias serviram pra que nós, os professores do curso, divulgássemos o projeto em eventos, congressos, enfim, onde fosse possível falar sobre o curso lá estávamos nós!
Nesse semestre, discutiremos outros temas abordando outros gêneros literários e não literários, trazendo uma metodologia mais dinâmica para incentivar a participação dos nossos alunos.
Na aula anterior, nós vimos o documentário A Negação do Brasil - O Negro nas Telenovelas Brasileiras (http://www.youtube.com/watch?v=Z9B9ryJP4t0) com o objetivo de mostrar a trajetória do afro-brasileiro nas telenovelas nacionais.
Na próxima aula teremos discussões acerca do tema e postaremos aqui, depoimentos dos nossos alunos para que vocês vejam a opinião deles.
Sim, a foto abaixo é para dividir com vocês um pedacinho da nossa confraternização.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O Solar dos Príncipes a nossa maneira

Ainda continuando nossos trabalhos com o gênero literário conto, nós pedimos para que os nossos alunos mudassem o final de "Solar dos Príncipes", de Marcelino Freire. Dessa vez fizemos diferente de como trabalhamos o conto "Boneca", de Cuti: nós lemos todo o conto "Solar dos Príndipes" e discutimos o assunto abordado, após isso, eles já conhecendo o final da história, teriam a oportunidade de mudar, de fazer com o que o fim do texto ficasse da maneira com que eles queriam. Então, vamos lá!

Solar dos Príncipes
 Marcelino Freire

            Quatro negros e uma negra pararam na frente deste prédio.
            A primeira mensagem do porteiro foi “Meu Deus!” A segunda: “O que vocês querem?” ou “Qual o apartamento?” Ou “Por que ainda não consertaram o elevador de serviço?”
            “Estamos fazendo um filme”, respondemos.
            Caroline argumentou: “Um documentário”. Sei lá o que é isso, sei lá, não sei. A gente mostra o documento de identidade de cada um e pronto.
            “Estamos filmando”.
            Filmando? Ladrão é assim quando quer sequestrar. Acompanha o dia-a-dia, costumes, a que horas a vítima sai para trabalhar. O prédio tem gerente de banco, médico, advogado. Menos o síndico. O síndico nunca está.
-        De onde vocês são?
-        Do Morro do Pavão.
-        Viemos gravar um longa-metragem.
-        Metra o quê?
            Metralhadora, cano longo, granada, os negros armados até as gengivas. Não disse? Vou correr. Nordestino é homem. Porteiro é homem ou não é homem? Caroline dialogou: “A ideia é entrar num apartamento do prédio, de supetão, e filmar, fazer uma entrevista com o morador.”
            O porteiro: “Entrar num apartamento?”
            O porteiro: “Não.”
            O pensamento: “Tô fudido”.
            A ideia foi minha, confesso. O pessoal vive subindo o morro para fazer filme. A gente abre as nossas portas, mostra as nossas panelas, merda.
            Foi assim: comprei uma câmera de terceira mão, marcamos, ensaiamos uns dias. Imagens exclusivas, colhidas na vida da classe média.
            Caroline: “Querido, por favor, meu amor.” Caroline mostrou o microfone de longe. Acenou com o batom, não sei.
            Vou bem levar paulada de microfone? O microfone veio emprestado de um pai-de-santo que patrocinou.
            O porteiro apertou o apartamento 101, 102, 108. Foi mexendo em tudo que é andar. Estou sendo assaltado, pressionado, liguem para o 190, sei lá.
            A graça era ninguém ser avisado. Perde-se a espontaneidade do depoimento. O condômino falar como é viver com carros na garagem, saldo, piscina, computador interligado. Dinheiro e sucesso. Festival de Brasília. Festival de Gramado. A gente fazendo exibição no telão da escola, no salão de festas do prédio.
            Não.
            A gente não só ouve samba. Não só ouve bala. Esse porteiro nem parece preto, deixando a gente preso do lado de fora. O morro tá lá, aberto 24 horas. A gente dá as boas-vindas de peito aberto. Os malandrões entram, tocam no nosso passado. A gente se abre que nem passarinho manso. A gente desabafa que nem papagaio. A gente canta, rebola. A gente oferece a nossa coca-cola.
            Não quer deixar a gente estrear a porra do porteiro. É foda. Domingo, hoje é domingo. A gente só quer saber como a família almoça. Se fazem a mesma festa da nossa. Prato, feijoada, guardanapo. Caralho, não precisa de síndico. Escute só. A gente vai tirar a câmera do saco. A gente mostra que é da paz, que a gente só quer melhorar, assim, o nosso cartaz. Fazer cinema. Cinema.           Veja Fernanda Montenegro quase ganha o Oscar.
-        Fernanda Montenegro não, aqui ela não mora.
            E avisou: “Vou chamar a polícia.”
(A partir daqui, eles criaram o novo final)
            A gente: “Chamar a polícia?”
            Não tem quem goste de polícia. A gente não quer esse tipo de notícia. O esquema foi todo montado num puta sacrifício. Nicholson deixou de ir vender churros. Caroline desistiu da boate. Eu deixei esposa, cadela e filho. Um longa não, é só um curta. Alegria de pobre é dura. Filma. O quê? Dei a ordem: filma.
            Começamos a filmar tudo. Alguns moradores posando a cara na sacada. O trânsito que transita. A sirene da polícia. Hã? A sirene da polícia. Todo filme tem sirene de polícia. E tiro. Muito tiro.
            Em câmera violenta. Porra Johnattan pulou o portão de ferro fundido. O porteiro trancou-se no vidro. Assustador. Apareceu gente todo tipo. E a ideia não era essa. Tivemos que improvisar.
            Sem problema, tudo bem.
            Na edição a gente manda cortar.


Ednalva Teixeira de Sousa 1ºB

E avisou: “vou chamar a polícia.”
Os quatro negros e a negra pediram ao porteiro que tivesse calma, pois nós não queremos matar, roubar e sequestrar ninguém; nós só queremos mostrar o dia de domingo da pessoas da classe alta. Mas mesmo assim o porteiro não acreditou e continuou a dizer que iria chamar a polícia.
E apareceu gente de todo tipo. E a ideia não era essa, mas filmamos tudo para mostrar a todos como é diferente o tratamento das pessoa ricas com as pessoas negras e pobres.

Angerlânia Martins do Nascimento

O porteiro disse que vai chamar a polícia, mas depois desistiu.
Começamos a filmar dentro do prédio e vimos como era a vida dos ricos. Eles nos contaram as histórias da suas vidas, como eles fizeram para crescer nos negócios.
Depois da entrevista fomos fazer a edição do filme; e ficou bom. Não vou precisar cortar nada, saiu tudo perfeito.

Joseilma

“Vou chamar a polícia!”
Nesse momento Johnattan se enfurece e diz – ah, não. Polícia! Quando é para vocês irem onde nós moramos não é essa baixaria toda, abrimos nossas portar como se fossem da família, agora, quando é o contrário nos humilham.
Numa boa cara!
Da próxima vez vamos até chamar vocês pro churrasco.
Ta beleza

Larissa Andrade Guedes da Silva 1ºA

“Vou chamar a polícia.”
“Chamar a polícia?”
Não precisa, pois já estamos indo embora. Tentamos e não conseguimos, mas você devia ter confiado um pouco em nós. Vamos filmar sem entrar, pois o que vale é o nosso trabalho e o senhor é um pobre racista só porque somos negros e moramos na favela não quer nos deixar entrar.

Alexsandro Pereira

E avisou: “vou chamar a polícia”
A gente: “não precisa chamar a polícia, nós vamos embora, não queremos nenhuma confusão. Só queremos filmar como é o domingo das pessoas ricas e se é parecido com o nosso domingo.”

As aulas sobre Conto deram o que contar

Faz tempo que não postamos, é por que a correria está grande. Mas queremos mostrar como foi produtiva as aulas sobre conto. Utilizamos textos de Monteiro Lobato, Marcelino Oliveira e Cuti. Podemos dizer que as aulas foram super produtivas.
Em um dos exercícios trabalhamos com o Conto "Boneca", de Cuti, e foi feito um trabalho de continuidade: paramos o conto em momentos decisivos e  pedimos para que os próprios alunos continuassem a história oralmente. E todos participaram, empolgados em descobrir e acertar o que iria acontecer; por fim pedimos para que os alunos escrevessem o final do conto, sem conhecerem o verdadeiro final da história. E os resultados dos nossos contistas foram esses aí:

Conto: Boneca
Autor: Cuti


Nenhuma! Cansou de tanto andar. Perguntara muito. Ouvira respostas de todo tipo. Algumas vezes reagira à escassa delicadeza de certos balconistas e mesmo às ironias finas. Em outros momentos fora levado à autocomiseração, depois de ouvir, por exemplo:
            Sinto muito!...
            Ou:
            Queira nos desculpar... A fábrica não fornece, sabe...
            Desanimar? Não. Não havia porquê desistir de encontrar o presente de Natal para a filha. Ele estava em plena forma física de seus 33 anos. Além disso, era como se a pequena conduzisse pelas ruas do centro comercial. Continuar a procura, mesmo pisoteando o cansaço, era uma missão.
            Com entusiasmo, entrou na loja seguinte. Cheia! Aguardou pacientemente. Uma mocinha branca, de ar meigo e aspecto subnutrido, indagou?
            O senhor já foi atendido?
            Não. Por gentileza, estou procurando uma boneca...
            Temos várias. Olha aqui a Barby, a Xuxinha... E a loirinha foi apanhando diversas bonecas. Colocava-as sobre o balcão, como se escolhesse para si. Olha que gracinha esta aqui de olhos azuis! É novidade. Chegou ontem e já vendeu quase tudo. Choram tem chupeta, faz pipi... E essa outra aqui? Não é uma graça? E levou ao colo a ruivinha de tom amarelado, bem clarinha. Mexeu-lhe os bracinhos e as perninhas, e indagou: Não gostou de nenhuma?
            É que estou procurando uma boneca negra...

            Meia hora de espera.
            Tem sim! o do no da loja dirigia-se à empregada. Procura melhor, na prateleira de baixo, lá em cima mesmo, perto da pia.
            A moça subiu de novo a escada, depois de sorrir um submisso constrangimento.
            Desceu mais uma vez, recebeu novas instruções e tornou a sorrir. Em seguida, do alto do mezanino, mostrou o rostinho gorducho, marrom escuro, de uma boneca. Radiante, a balconista empunhava-a como um troféu. Assis desceu a escada. Mas, descuidando-se nos degraus, despencou-se. Todos se apavoraram. As colegas de trabalho foram em socorro.
            Nenhuma fratura. Apenas um susto. O patrão exasperou-se, mas logo conseguiu controlar-se, vermelho como pimenta malagueta. A loja estava cheia. Foi atender o cliente:
            O senhor desculpe a demora e o transtorno. Mas, ...

Joseilma Oliveira 1º B

... Mas pelo fato do senhor ter nos provocado toda essa bagunça, não vamos poder vender o objeto.
Mas senhor eu já andei em muitas outras lojas é um presente muito especial, eu pago o que for, mas me venda essa boneca.
O vendedor pergunta: pelo visto é um presente muito mais que especial não é?
Ouve um momento de reflexão, e ao olhar para a garota o vendedor percebeu que a menina pegou a mão do pai e disse: papai, o melhor presente de Natal que o senhor me deu foi sua determinação para me fazer feliz, obrigada.
O vendedor se emocionou com as belas palavras dita pela menina e falou: querida, esse é o meu presente de Natal para você e deu de presente a boneca a garota, que saiu da loja toda sorridente.

Larissa Andrade Guedes 1º A

...Mas a única boneca que tinha devido o acontecimento se quebrou, não posso fazer mais nada pelo senhor, desculpa!
E o pai descontente foi a procura em outra loja que foi onde ele encontrou a linda boneca negra que tanto sua filha queria.


Daisy Barros Miranda 1ºA

Me desculpe a demora, mas infelizmente, devido a tanto tempo da boneca ficar guardada no depósito, ela não resistiu à queda e acabou quebrando.
Mas para sua alegria, ao chegar em casa, sua esposa havia passado em uma outra loja, depois do trabalhos, e encontrou a boneca que sua filhinha tanto queria. E a criança ficou tão contente, como também, os pais e assim viveram felizes, pois viram sua filha feliz com sua linda bonequinha negra.

Jaqueline Pereira da Silva 1ºA

Mas, após o acidente, perceberam que a boneca estava quebrada.
- Calma! Não se preocupe. Aqui está outra boneca idêntica á outra; vimos que ainda tinha sobrado esta e está inteirinha.
Então o pai da menina foi embora muito feliz por ter conseguido a linda boneca e ao chegar em casa presenteou a sua filha e ela ficou muito feliz, pois eu pai realizou o seu lindo desejo: ter uma boneca negra.

Matheus Silva Brandão 1ºA

Mas era uma boneca única e de outra geração e a última a ser inventada, com isso chamou atenção dos trabalhadores que viram a boneca desmontada. O pai da menina comprou a boneca toda desmontada e levou para consertar, depois que foi consertada, o pai levou a boneca para a filha, explicou todos os fatos. A filha que não ligou para o assunto e ficou feliz com a sua boneca.

Joseilton dos Anjos da Silva 1ºB

Mas não era a boneca desejada e ele voltou para a casa triste e contou para a sua filha. E disse:
- Desculpa, eu não encontrei a sua boneca.
E a menina passou o Natal triste.

Weliton Nascimento

- Mas, lamento lhe informar que a boneca não está em bom estado. Quando minha funcionária se descuidou e despencou da escada, caiu em cima da sua boneca, mas se você quiser leva-la custará a metade do preço.
Daí o homem que queria comprar a boneca perguntou:
- Posso ver em que estado a boneca está?
- Claro que sim, venha que eu lhe mostro.
O homem seguiu o moço, viu que a boneca estava apenas com os braços fora do lugar e falou:
- Vou leva-la porque minha filha quer muito esta boneca e eu rodei toda a cidade e não consegui achar.
O vendedor embrulhou a boneca e entregou ao homem dizendo:
- Obrigado e volte e sempre!
O homem chegou em casa, viu a sua filha e lhe entregou o presente. A garota desembrulhou o presente e viu a sua boneca com os braços separados do corpo. Ela foi a até o pai chamando.
- Papai, você diz que me ama e traz uma boneca sem braços?
O seu pai pegou a boneca, pegou os dois braços e olhou para sua filha e falou:
- Filha, vem aqui para perto do papai! Olha filha, esta boneca é especial: ela monta e desmonta.
A garota saiu alegre, gritando e pulando feliz com sua nova boneca pretinha que monta e desmonta.


Esses foram os finais feitos pelos nossos alunos e aí está o final real escrito por Cuti:

... não foi nada. O importante é que encontramos o produto. Está em falta, sabe... Eles não entregam. Eu mesmo encomendei na semana passada. Mas o representante disse que a firma está exportando para a África. Está certo, mas aqui também tem freguês que procura, não é? O senhor é brasileiro?
            Sim.
            Então... O homem engoliu a frase e preparou a nota.

            Já na rua, o pai, entre tantos pensamentos, alguns desagradáveis, lembrou da descontração a que fazia jus, depois de suar expectativas naquela manhã de dezembro. Respirou fundo. Contemplou o lindo embrulho de motivações natalinas, em que se destacavam o Papai Noel, crianças louras e muita neve. Seguiu, os passos lentos, em direção a uma lanchonete.
            Vai uma loira gelada aí, chefe? pronunciou o balconista ao vê-lo sentar-se junto ao balcão.
            Sorriu, confirmando com um gesto de polegar.
            Ao primeiro gole de cerveja, sentiu-se profundamente aliviado e feliz.


Cuti. Boneca. In: Negros em contos, pp. 11-13

terça-feira, 10 de maio de 2011

Castro Alves o poeta da vez

Na aula de hoje também trabalhamos com um poema de Castro Alves. Primeiro lemos, discutimos e analisamos todo o poema, para que, a partir das informações que eles tivessem, pudessem dar um nome ao poema. As ideias que surgiram vamos mostrar aqui e agora. Ao final eles conheceram o verdadeiro título do poema, mas, sem nenhuma modéstia, preferiram os títulos que eles mesmos deram.
O poema trabalhado foi:

Saudação a Palmares

Nos altos cerros erguido
Ninho d'águias atrevido,
Salve! — País do bandido!
Salve! — Pátria do jaguar!
Verde serra onde os palmares
— Como indianos cocares —
No azul dos colúmbios ares
Desfraldam-se em mole arfar! ...
Salve! Região dos valentes
Onde os ecos estridentes
Mandam aos plainos trementes
Os gritos do caçador!
E ao longe os latidos soam...
E as trompas da caça atroam...
E os corvos negros revoam
Sobre o campo abrasador! ...
Palmares! a ti meu grito!
A ti, barca de granito,
Que no soçobro infinito
Abriste a vela ao trovão.
E provocaste a rajada,
Solta a flâmula agitada
Aos uivos da marujada
Nas ondas da escravidão!
De bravos soberbo estádio,
Das liberdades paládio,
Pegaste o punho do gládio,
E olhaste rindo pra o val:
"Descei de cada horizonte...
Senhores! Eis-me de fronte!"
E riste... O riso de um monte!
E a ironia... de um chacal!...
Cantem Eunucos devassos
Dos reis os marmóreos paços;
E beijem os férreos laços,
Que não ousam sacudir ...
Eu canto a beleza tua,
Caçadora seminua!...
Em cuja perna flutua
Ruiva a pele de um tapir.
Crioula! o teu seio escuro
Nunca deste ao beijo impuro!
Luzidio, firme, duro,
Guardaste pra um nobre amor.
Negra Diana selvagem,
Que escutas sob a ramagem
As vozes — que traz a aragem
Do teu rijo caçador! ...
Salve, Amazona guerreira!
Que nas rochas da clareira,
— Aos urros da cachoeira —
Sabes bater e lutar...
Salve! — nos cerros erguido —
Ninho, onde em sono atrevido,
Dorme o condor... e o bandido!...
A liberdade... e o jaguar!

E as sugestões de outros títulos foram:

"Região dos Valentes"
(Viviane Ferreira, 1º A)

"Palmares a ti o meu grito!"
(Ednalva, 1º A)

" Quilombo"
(Joseilton, 1º B)

"Os palmares"
(Matheus, 1º A)

"Em busca da liberdade"
(Welliton, 1º B)

"Pátria do jaguar"
(Angerlania, 1º A)

"Salve, Amazona guerreira" 
(Daisy, Deisy e Larissa, 1º A)


"A procura da liberdade"
(Jonathan, 2º U)


"A liberdade"
(Ailton ,1º B)


"Palmares!... Tua liberdade"
(Joseilma, 1º B)

Mais um poema para nossa aula

Na outra aula, quem foi escolhida, não só para levar como também ler o poema para a turma, foi Daisy do 1º ano A. Ela justificou sua escolha baseada na beleza que encontrou no poema e com a identificação de, assim como o poeta, amar tanto a sua terra...
Qual foi o poema?
Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu'inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

De Gonçalves Dias

Poema do dia

Todo início de aula, pedimos para que dois alunos leiam os poemas que eles trouxeram, e levantamos discussões sobre a escolha do poema, autoria e uma breve interpretação. Na aula de hoje os poemas lidos e comentados vamos postar a seguir.
O aluno que levou esse poema foi Matheus Brandão do 1º ano A. Ele disse que fez a escolha justamente pela temática que estudamos e que, ao ler, sentiu sensações boas de respeito e igualdade.


Ser Consciente

C onsciência não se compra
O que precisa é saber conquistar
N ão há paz no mundo
S e não soubermos o valor de amar
C omo construir um mundo melhor?
I luminado pela luz do amor
Ê xito é o que queremos
N este mundo de lutas, de dor.
C onviver com todos na harmonia,
I gualdade, sem preconceitos
A mando uns aos outros, como Deus nos ensinou.
N egro não é defeito, é uma linda cor
E xistem muitas inteligências
G ostos, preferências
R esponsabilidades, amor.
A ntes de tudo somos gente:
gente que ama
gente que luta
gente que sofre
gente que sente: alegria e dor.
de Maria Dionésia Santos da Silva