segunda-feira, 6 de junho de 2011

As aulas sobre Conto deram o que contar

Faz tempo que não postamos, é por que a correria está grande. Mas queremos mostrar como foi produtiva as aulas sobre conto. Utilizamos textos de Monteiro Lobato, Marcelino Oliveira e Cuti. Podemos dizer que as aulas foram super produtivas.
Em um dos exercícios trabalhamos com o Conto "Boneca", de Cuti, e foi feito um trabalho de continuidade: paramos o conto em momentos decisivos e  pedimos para que os próprios alunos continuassem a história oralmente. E todos participaram, empolgados em descobrir e acertar o que iria acontecer; por fim pedimos para que os alunos escrevessem o final do conto, sem conhecerem o verdadeiro final da história. E os resultados dos nossos contistas foram esses aí:

Conto: Boneca
Autor: Cuti


Nenhuma! Cansou de tanto andar. Perguntara muito. Ouvira respostas de todo tipo. Algumas vezes reagira à escassa delicadeza de certos balconistas e mesmo às ironias finas. Em outros momentos fora levado à autocomiseração, depois de ouvir, por exemplo:
            Sinto muito!...
            Ou:
            Queira nos desculpar... A fábrica não fornece, sabe...
            Desanimar? Não. Não havia porquê desistir de encontrar o presente de Natal para a filha. Ele estava em plena forma física de seus 33 anos. Além disso, era como se a pequena conduzisse pelas ruas do centro comercial. Continuar a procura, mesmo pisoteando o cansaço, era uma missão.
            Com entusiasmo, entrou na loja seguinte. Cheia! Aguardou pacientemente. Uma mocinha branca, de ar meigo e aspecto subnutrido, indagou?
            O senhor já foi atendido?
            Não. Por gentileza, estou procurando uma boneca...
            Temos várias. Olha aqui a Barby, a Xuxinha... E a loirinha foi apanhando diversas bonecas. Colocava-as sobre o balcão, como se escolhesse para si. Olha que gracinha esta aqui de olhos azuis! É novidade. Chegou ontem e já vendeu quase tudo. Choram tem chupeta, faz pipi... E essa outra aqui? Não é uma graça? E levou ao colo a ruivinha de tom amarelado, bem clarinha. Mexeu-lhe os bracinhos e as perninhas, e indagou: Não gostou de nenhuma?
            É que estou procurando uma boneca negra...

            Meia hora de espera.
            Tem sim! o do no da loja dirigia-se à empregada. Procura melhor, na prateleira de baixo, lá em cima mesmo, perto da pia.
            A moça subiu de novo a escada, depois de sorrir um submisso constrangimento.
            Desceu mais uma vez, recebeu novas instruções e tornou a sorrir. Em seguida, do alto do mezanino, mostrou o rostinho gorducho, marrom escuro, de uma boneca. Radiante, a balconista empunhava-a como um troféu. Assis desceu a escada. Mas, descuidando-se nos degraus, despencou-se. Todos se apavoraram. As colegas de trabalho foram em socorro.
            Nenhuma fratura. Apenas um susto. O patrão exasperou-se, mas logo conseguiu controlar-se, vermelho como pimenta malagueta. A loja estava cheia. Foi atender o cliente:
            O senhor desculpe a demora e o transtorno. Mas, ...

Joseilma Oliveira 1º B

... Mas pelo fato do senhor ter nos provocado toda essa bagunça, não vamos poder vender o objeto.
Mas senhor eu já andei em muitas outras lojas é um presente muito especial, eu pago o que for, mas me venda essa boneca.
O vendedor pergunta: pelo visto é um presente muito mais que especial não é?
Ouve um momento de reflexão, e ao olhar para a garota o vendedor percebeu que a menina pegou a mão do pai e disse: papai, o melhor presente de Natal que o senhor me deu foi sua determinação para me fazer feliz, obrigada.
O vendedor se emocionou com as belas palavras dita pela menina e falou: querida, esse é o meu presente de Natal para você e deu de presente a boneca a garota, que saiu da loja toda sorridente.

Larissa Andrade Guedes 1º A

...Mas a única boneca que tinha devido o acontecimento se quebrou, não posso fazer mais nada pelo senhor, desculpa!
E o pai descontente foi a procura em outra loja que foi onde ele encontrou a linda boneca negra que tanto sua filha queria.


Daisy Barros Miranda 1ºA

Me desculpe a demora, mas infelizmente, devido a tanto tempo da boneca ficar guardada no depósito, ela não resistiu à queda e acabou quebrando.
Mas para sua alegria, ao chegar em casa, sua esposa havia passado em uma outra loja, depois do trabalhos, e encontrou a boneca que sua filhinha tanto queria. E a criança ficou tão contente, como também, os pais e assim viveram felizes, pois viram sua filha feliz com sua linda bonequinha negra.

Jaqueline Pereira da Silva 1ºA

Mas, após o acidente, perceberam que a boneca estava quebrada.
- Calma! Não se preocupe. Aqui está outra boneca idêntica á outra; vimos que ainda tinha sobrado esta e está inteirinha.
Então o pai da menina foi embora muito feliz por ter conseguido a linda boneca e ao chegar em casa presenteou a sua filha e ela ficou muito feliz, pois eu pai realizou o seu lindo desejo: ter uma boneca negra.

Matheus Silva Brandão 1ºA

Mas era uma boneca única e de outra geração e a última a ser inventada, com isso chamou atenção dos trabalhadores que viram a boneca desmontada. O pai da menina comprou a boneca toda desmontada e levou para consertar, depois que foi consertada, o pai levou a boneca para a filha, explicou todos os fatos. A filha que não ligou para o assunto e ficou feliz com a sua boneca.

Joseilton dos Anjos da Silva 1ºB

Mas não era a boneca desejada e ele voltou para a casa triste e contou para a sua filha. E disse:
- Desculpa, eu não encontrei a sua boneca.
E a menina passou o Natal triste.

Weliton Nascimento

- Mas, lamento lhe informar que a boneca não está em bom estado. Quando minha funcionária se descuidou e despencou da escada, caiu em cima da sua boneca, mas se você quiser leva-la custará a metade do preço.
Daí o homem que queria comprar a boneca perguntou:
- Posso ver em que estado a boneca está?
- Claro que sim, venha que eu lhe mostro.
O homem seguiu o moço, viu que a boneca estava apenas com os braços fora do lugar e falou:
- Vou leva-la porque minha filha quer muito esta boneca e eu rodei toda a cidade e não consegui achar.
O vendedor embrulhou a boneca e entregou ao homem dizendo:
- Obrigado e volte e sempre!
O homem chegou em casa, viu a sua filha e lhe entregou o presente. A garota desembrulhou o presente e viu a sua boneca com os braços separados do corpo. Ela foi a até o pai chamando.
- Papai, você diz que me ama e traz uma boneca sem braços?
O seu pai pegou a boneca, pegou os dois braços e olhou para sua filha e falou:
- Filha, vem aqui para perto do papai! Olha filha, esta boneca é especial: ela monta e desmonta.
A garota saiu alegre, gritando e pulando feliz com sua nova boneca pretinha que monta e desmonta.


Esses foram os finais feitos pelos nossos alunos e aí está o final real escrito por Cuti:

... não foi nada. O importante é que encontramos o produto. Está em falta, sabe... Eles não entregam. Eu mesmo encomendei na semana passada. Mas o representante disse que a firma está exportando para a África. Está certo, mas aqui também tem freguês que procura, não é? O senhor é brasileiro?
            Sim.
            Então... O homem engoliu a frase e preparou a nota.

            Já na rua, o pai, entre tantos pensamentos, alguns desagradáveis, lembrou da descontração a que fazia jus, depois de suar expectativas naquela manhã de dezembro. Respirou fundo. Contemplou o lindo embrulho de motivações natalinas, em que se destacavam o Papai Noel, crianças louras e muita neve. Seguiu, os passos lentos, em direção a uma lanchonete.
            Vai uma loira gelada aí, chefe? pronunciou o balconista ao vê-lo sentar-se junto ao balcão.
            Sorriu, confirmando com um gesto de polegar.
            Ao primeiro gole de cerveja, sentiu-se profundamente aliviado e feliz.


Cuti. Boneca. In: Negros em contos, pp. 11-13

3 comentários:

Anônimo disse...

Como resumir o trabalho de vocês? Quando me apresentaram o blog de vocês, adorei a forma que trabalham os conteúdos. Dá uma vontade de ser dessa turma. Parecem ser professoras legais e os alunos também. Desejo muitas alegrias nesse processo... Janne

literatura e afrobrasilidade disse...

Nossa, como é bom ver que vcs internautas gostam do que mostramos por aqui. Por conhecimento de causa posso dizer que essa turma é muito especial sim... Ficamos felizes com sua visita, volte sempre!

Anônimo disse...

Quando vemos algo que da tanto certo temos que elogiar. Vocês são de mais, tem até mais gente querendo entrar para esse time. Minha mãe não cansa de elogiar e dizer: Tá vendo quando queremos mudar o mundo buscamos criar meios, como fazem este grupo de garotas e continua dizendo que você Janne pense também em mudar essa sociedade que camufla em sorrisos o preconceito. Adoro vocês mesmo sem conhecê-las. Janne